quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Civilização Grega


Grécia é uma península banhada por três mares: mar Jônico, mar Egeu e mar Mediterrâneo. Tem a leste a Ásia Menor (atual Turquia). O litoralgrego é muito recortado, formando portos naturais. Os mares que circundam a Grécia são pontilhados de ilhas e ilhotas famosas pela sua beleza natural.[46]
Era uma região diferente daquelas habitadas pelos povos orientais que viviam em férteis planícies às margens dos grandes rios, ao passo que os gregos que ocupavam uma área muito montanhosa, tinham que trabalhar duramente um solo pobre e pedregoso para conseguir sua agricultura de subsistência.[46]
Devido à pobreza da terra, nas pequenas áreas cultivadas formavam-se agrupamentos humanos (pequenas comunidades) separadas uma das outras por vários acidentes geográficos, como montanhas e colinas.[46]

[editar]Período Pré-Homérico (século XX a.C ao século XII a.C.)

Cavalo de Tróia em pintura deGiovanni Domenico Tiepolo.
Vários povos de origem ariana e indo-europeia invadiram a região grega e dominavam os povos neolíticos que ali habitavam. Os principais invasores foram os aqueus, os dórios, os jônios e os eólios.[46]
Os aqueus ocupavam várias cidades (TirintoMicenasTroia). Divididos em tribos, organizaram-se em pequenos reinos (cidades-estados). Por volta de 1500 a.C., já tinham forte organização militar, o que lhes permitiu dominar a ilha de Creta, e lá fizeram sua base militar e marítima. Tornaram-se bons marinheiros e fundaram várias colônias nas ilhas do mar Egeu. Entre os anos de 1280 a.C. e 1270 a.C., os aqueus moveram durante dez anos uma guerra à cidade de Tróia, que foi destruída e incendiada caindo sob o seu domínio. Até a metade do século passado, acreditava-se que a Guerra de Tróia fosse uma fantasia do poeta grego Homero e que a cidade jamais tivesse existido. Mas, em 1871, o alemão Heinrich Schliemann, em trabalhos arqueológicos, descobriu novas cidades destruídas, uma junto às outras, e entre elas encontrou-se o tesouro do rei Príamo (rei de Tróia), comprovando-se desse modo que Tróia existiu de fato.[47]

[editar]Período Homérico

Busto de Homero.
O poeta Homero deixou duas obras poéticas de grande prestígio na época: a Ilíada e a Odisseia.[47]
Ilíada narra história da cidade de Troia e a guerra, com todos os seus heróis (como Ulisses e Aquiles) e suas aventuras. Depois de dez anos de duro cerco, os gregos conseguiram vencer a resistência troiana, inventando um enorme cavalo de madeira, com soldados escondidos em seu interior. Os troianos abriram as portas da cidade para receber o enorme cavalo, julgando ser um presente dos deuses. Depois de festejos e bebedeiras dos troianos, os gregos saíram do cavalo e dominaram a cidade. Daí se originou a expressão "presente de grego".[47]
Odisseia narra as aventuras de Ulisses, um dos heróis da Guerra de Tróia, na sua volta para a ilha de Ítaca, onde era rei. Na sua viagem de retorno, passa por proezas, como livrar-se dos gigantes de um só olho na testa (os cíclopes, dando assim origem, nos tempos atuais, ao gentílico dos usuários daDesciclopédia geralmente conhecidos por descíclopes, por mera coincidência ortográfica), resistir aos encantos das sereias (que atraíam os marinheiros para o fundo do mar) e livrar-se da terrível bruxa Circe, que enfeitiçou os marinheiros. A deusa Palas Atena protege o herói durante a viagem, de modo que Ulisses retorna a seu reino, onde a fiel esposa Penélope o esperou por longos anos.[47]
Essas obras se tornaram clássicas como fontes históricas e como base para a educação da juventude grega por séculos, pois realçavam os valores da bondade, da coragem, da justiça, do amor filial, e da luta pelos direitos.[47]
[editar]Genos
Nos tempos homéricos, a sociedade era formada por pequenas comunidades que nada mais eram que a reunião dos membros de uma grande família que obedeciam a um chefe (o pater famílias, família patriarcal). Viviam da agricultura e do pastoreio; os bens e a terra pertenciam à comunidade (Não havia apropriedade privada).[48]

[editar]Período Arcaico

[editar]Pólis
O Partenon, na acrópole de Atenas.
Os genos cresceram, desagregaram, e surgiu outra forma de comunidade mais ampla, que formava uma unidade territorial, política, econômica e social. Era a chamada pólis, que era uma cidade-estado, independente das outras, com governo próprio e com economia auto-suficiente. A pólis era composta de três partes fundamentais:[48]
  • acrópole, que era a parte mais elevada, que funcionava como fortaleza e onde ficavam os templos para os cultos religiosos e a administração política;
  • ágora, que era a praça principal, onde o povo se reunia para discutir os problemas da comunidade e fazer pequeno comércio;
  • asty que era o mercado central;
  • Campos agrícolas e de pastoreio.
A Grécia era uma grande região formada por muitas cidades-estado independente, mas que, todavia, consideravam uma certa unidade, pois falavam a mesma língua e acreditavam nos mesmos deuses. O sistema de governo era a monarquia, onde o rei assumia também as funções de chefe militar.[48]

[editar]Esparta e Atenas

Entre as cidades-estados, sobressaíram Esparta e Atenas, com características bem diferentes entre si.[49]

[editar]Esparta

Território de Esparta
Uma grande cidade-estado se formou ao sul do Peloponeso, entre as montanhas que se abrem para a fértil planície da Lacônia, percorrida pelo rio Eurotas. Fundada pelos dórios, violentos e guerreiros, a cidade dedicou-se totalmente às cidades guerreiras. O governo era aristocrático, isto é, uma elite detinha o poder e ditava ordens para o povo. Sus leis, segundo a tradição, tiveram origem nas idéias de um lendário legislador chamado Licurgo.[49]
A constituição do governo era a seguinte:[49]
  • havia dois reis (um chefe militar e um religioso — diarquia);
  • um Conselho de Anciãos (a Gerúsia, com 28 elementos com mais de sessenta anos de idade);
  • Apela (uma assembleia do povo que se reunia mensalmente para discutir e aprovar as leis propostas pelos anciãos);
  • os éforos (que eram cinco magistrados eleitos por assembleia por um ano e que tinham o encargo de fiscalizar o cumprimento das leis e vigiar a educação dos jovens).
A defesa da pólis ficava a cargo do exército, numeroso e bem treinado.[49]
[editar]Sociedade espartana
Os esparciatas eram o grupo social dominante, donos das melhores terras. Tinham o dever de contribuir com as despesas públicas e caso negassem a contribuição eram punidos com a perda de privilégios.[49]
Os periecos estavam numa condição intermediária; podiam possuir terras, ter atividades comerciais, gozavam de direitos civis, mas não tinham direitos políticos.[49]
Os hilotas trabalhavam nas terras na condição de escravos, eram propriedade do governo, não tinham direitos civis nem políticos.
[editar]Exército espartano
Estátua em mármore de umhoplita, talvez o rei Leónidas
A vida na pólis de Esparta era voltada para as atividades militares e guerreiras. Já aos sete anos, a criança era entregue ao governo. Este indicava instrutores para educá-la para a arte militar. Dos sete aos catorze anos era treinada numa rígida disciplina, comendo pouco para ser leve, esperta e ficar resistente à fome. Eram submetida a duras provas físicas, ia para os campos, onde devia aprender a caçar, a lutar, a roubar e matar, isto é, devia aprender a se defender sozinha.[50]
Aos dezessete anos praticava um exercício (Kriptia = gruta) em que devia capturar e matar escravos soltos nas florestas.[50]
Devia falar pouco e se expressar com poucas palavras: tal fato recebeu o nome de laconismo (da palavra Lacônia, região espartana). Aos vinte e um anos já era perfeita hoplita (soldado), capaz de defender a pátria.[50]
O casamento geralmente ocorria aos 30 anos, sendo que, antes dessa idade, só era permitido coabitar. Aos sessenta anos se aposentava do exército e podia tomar parte no Conselho de Anciãos (Gerúsia).[50]
Esse tipo de educação soldadesca, o treino para uma vida dura e sem conforto, criava um ambiente social cheio de tensões, de conflitos e falta de vida afetiva.[50]
Os esparciatas não se preocupavam em acumular bens materiais, riquezas, metais preciosos, ter conforto e comodidades. Apesar deste desprezo pela riqueza, procuravam o necessário para manter a sociedade. O tipo de vida desse povo fez com que a sociedade ficasse fechada em si mesma, sem mudanças e sem progressos, e os estrangeiros não eram bem aceitos.[50]
[editar]Mulheres espartanas
As mulheres tinham um destino pior que o dos homens. Eram colocadas numa posição de inferioridade. Não podiam continuar educando os filhos após os sete anos, eram submissas ao pai quando solteiras e aos maridos quando casados, não participavam da vida política e tinham poucas atividades sociais. Não tinham o conforto dos afetos familiares, como as mulheres de Atenas, e eram obrigadas a praticar exercícios físicos para manterem uma boa forma física, a fim de gerarem bons soldados para a pátria. Não era permitido o celibato para as mulheres, isto é, deviam casar e ter filhos fortes.[50]
As que não quisessem casar eram acusadas de crime contra a pátria. As crianças que nasciam sem qualidades físicas para ser um bom soldado eram eliminadas.[51]
Antigamente, as mulheres espartanas tinham de ficar em casa cuidando de seus filhos, não podiam sair nem para trabalhar. Só depois que começaram a ter mais liberdade. Elas se vestiam companos de alta qualidade e com muitas joias finas caríssimas.[51]
[editar]Expansão de Esparta
Entre os séculos VIII e VII a.C., os esparciatas adotaram uma política de expansão e conquista de cidades vizinhas, reduzindo os vencidos à condição de escravos. Assim, dominaram Messina,ArcádiaHélade e Argólida. No final do século VI a.C., grande parte do Peloponeso se torna uma liga militar, com o comando dos espartanos. Estes ficaram famosos como excelentes soldados, que lutaram bravamente por um grande amor à pátria.[51]

[editar]Atenas

Situada no litoral europeu, tinha como principal economia o comércio marítimo. Na região da Ática, a pólis de Atenas estava bem localizada próxima ao Mar Egeu, o que lhe deu algumas vantagens no comércio marítimo e desenvolveu suas características de cidade aberta para o mundo.[51]
A pobreza do solo e a falta de água fez com seus inúmeros habitantes abandonassem a agricultura e se dedicassem à indústria artesanal e ao comércio. Os jônios, conquistadores da região daÁtica, se misturaram com os primitivos donos da terra e deram vida a uma população que foi a mais laboriosa e genial da Grécia.[51]
porto de Pireu, construído a poucos quilômetros de Atenas, tornou-se um dos maiores centros comerciais do mundo antigo e o mais importante da Grécia. Tudo isso veio mutiplicar as riquezas, estimular a inteligência, reforçar o espírito de independência e o amor pela liberdade.[51]
[editar]Organização política ateniense
Sólon
Atenas ficou famosa como a cidade-mãe da democracia política. Todavia, antes de chegar neste ponto, passou por vários estágios na sua organização política.[51]
Inicialmente, as cidades-estados eram governadas por um rei (monarquia). Nos séculos VII e VI a.C., os grandes proprietários de terra (eupátridas) destruíram o sistema monárquico e passaram a implantar um sistema que foi a semente da futura democracia.[51]
A classe dominante gozava de inúmeros privilégios, o que provocou descontentamento e revolta entre os mercadores, pescadores, marinheiros, artesãos e pequenos proprietários. Esta parte lutava para que houvesse leis escritas e justas que defendessem os direitos de todos.[51]
Os eupátridas, então, resolveram encarregar o legislador Drácon (620 a.C.) de elaborar leis escritas, que ficaram conhecidas como leis draconianas. Eram leis rígidas, duras, severas, punindo-se com a morte a quem desobedecesse. Essas leis, porém, favoreciam mais os nobres do que as camadas populares, que continuaram agitando e exigindo leis que protegessem seus direitos. Depois de quase trinta anos de protestos e manifestações, surgiu um novolegislador, no ano 594 a.C. também escolhido pela classe dominante, para elaborar novas leis e uma reforma social. Esse legislador foi Solón. que foi estimado pelos ricos por ser rico também e pelos pobres porque era honesto. Assim, as leis de Solón conseguiram uma certa estabilidade, paz e justiça por vários anos. Foi um reformulador moderado.[51]
[editar]Constituição de Solón
Solonian Constitution PT.gif
Com Solón, a sociedade foi dividida em quatro classes sociais (pentacosiomediminus, cavaleiros, zeugitas e tetas). Essa divisão de classes era baseada na renda (riqueza) de cada um. E na medida da riqueza é que as pessoas tinham direitos e deveres.[52]
As reformas de Sólon trouxeram muitas mudanças políticas e sociais. Deu abertura política para a formação de novos partidos políticos. Mas parte da população estrangeiros, pequenos camponeses, pobres e escravos) ficou marginalizada da vida social, de modo que continuaram as revoltas populares. Nesse clima de agitações, um nobre ambicioso, de nome Pisístrato, no ano560 a.C., aproveitou-se da situação e deu um golpe no governo, estabelecendo um novo regime chamado tirania (tirano é aquele que sobe ao poder por meios inconstitucionais).[52]
Atenas conheceu com Pisístrato um período de paz e prosperidade. A cidade se transformou em grande centro comercial e industrial. Com a morte de Pisístrato, o governo passou a seus filhos, que continuaram a política do pai.[52]
[editar]Clístenes, o pai da democracia
Athen from Clisthen.svg
No ano 508 a.C., um nobre chamado Clístenes foi eleito arconte e governou Atenas, atendendo à vontade popular e consolidando ademocracia.[52]
Clístenes fez uma reforma social, dando maior participação política às pessoas de baixa renda, dividiu a população em dez tribos e as terras em dez partes iguais para elas. Cada tribo tinha 50 representantes na Bulé, totalizando os 500 membros que formavam o principal órgão do governo.[52]
Os problemas eram discutidos em assembleias (eclésias) populares. Estabelece a lei do ostracismo, pela qual era exilado por dez anos o cidadão que cometesse falhas graves e ameaçasse a democracia.[52]
Com Clístenes houve maior abertura política e participação popular nas decisões do governo. Por isso ele foi chamado o "Pai da Democracia".[53]
[editar]Família e educação em Atenas
O ateniense era muito ligado à família. Em casa reinava a mulher, enquanto o homem se dedicava às tarefas fora do lar. A família era unida por fortes laços religiosos e pelo culto aos familiares mortos. Estes eram venerados em altares dentro dos lares.[53]
Com o casamento, a mulher passava a adotar a religião do marido. Os mortos eram sepultados e, algumas vezes, queimados. Muitas vezes, os túmulos eram protegidos por pedras esculpidas ou monumentos. Quanto à educação, dava-se maior atenção à educação dosrapazes.[53]
Quase todos os elementos do sexo masculino aprendiam a ler e escrever, pois julgavam qualidades preciosas para formar um bom cidadão. Não havia escolas públicas, mas os pais escolhiam escolas particulares e professores do seu agrado.[53]
As crianças entravam aos sete anos na escola e aprendiam música, que consideravam importante para a elevação espiritual. Até os quatorze anos, se quisessem continuar os estudos, dedicavam-se à ginástica. Nos ginásios, praticavam todos os esportes e faziam parte dos Jogos Olímpicos, como lançamento de disco, luta,pugilismo, corrida e salto. Essa educação esportiva tinha também o objetivo de preparar o jovem para o serviço militar.[53]
Os jovens não tinham liberdade de escolher seus pares, pois os casamentos eram arrumados pelas famílias. O tipo de família era patriarcal, no qual a mulher era submissa.[53]
vestuário masculino consistia numa túnica longa, parecida com aquela usada ainda hoje pelos árabes. As mulheres vestiam uma roupa longa, tipo camisolão.[53]

[editar]Período clássico da Grécia

O período clássico da Grécia ficou marcado por guerras externas e internas e pelo desenvolvimento e esplendor da cultura grega. As guerras externas foram realizadas contra os persas. As guerras internas foram devidas às rivalidades entre as próprias cidades gregas, principalmente Esparta e Atenas, que brigavam pela hegemonia (domínio) entre as demais pólis.[54]

[editar]Guerras Greco-Persas

O Império Ateniense em 431 a.C..
As causas dessas guerras foram as concorrências comerciais e a vontade que os dois povos de expandir seu domínio entre os povos vizinhos. Os persas ameaçavam o comércio e a vida política de várias cidades gregas. Chegaram inicialmente a dominar a cidade de Mileto, que se rebelou e pediu o auxílio de Atenas. Esta movimentou as tropas contra os persas, dando origem à guerra.[54]
[editar]Primeira guerra
Milcíades.
No 490 a.C., grande armada persa, comandada por Dario I, desembarcou na Ática, na planície de Maratona. Guiados porMilcíades, combateram seus inimigos nos seus pontos fracos, num ataque relâmpago. Os persas não tiveram nem mesmo tempo de pegar em armas, pois já se sentiam dominados.[54]
[editar]Segunda Guerra
Temístocles.
No 485 a.C., no estreito de Salamina, os persas, comandados por Xerxes, filho de Dario, foram novamente derrotados. Os persas, melhor preparados, atacaram por terra e por mar. Os gregos, desta vez, contavam com melhor exército, pois haviam feito uma coligação de cidades contra o inimigo, inclusive Esparta. Os persas atacaram pelo norte, dominaram os bravos espartanos liderados por Leônidas e desceram para o sul, onde incendiaram Atenas. A Grécia parecia derrotada, mas os gregos se reorganizaram e atraíram a esquadra para o estreito de Salamina, local onde favorecia os leves barcos gregos e dificultava os pesados navios persas.[54]
Os persas de Xerxes tinham ainda contra si as pesadas armaduras dos soldados que lutavam por dinheiro, ao passo que os gregos eram movidos pelo grande amor à pátria. Liderados por Temístocles, general ateniense, os gregos liquidaram os persas, que abandonaram seus navios.[55]
[editar]Rivalidades que enfraqueceram a Grécia
Terminadas as guerras contra os persas, as pólis gregas voltaram a se fechar nos seus interesses próprios. Atenas considerou-se vitoriosa nas guerras, julgando-se uma salvadora da Grécia.[55]
Com este prestígio e com o medo de novos ataques, conseguiu convencer outras cidades (menos Esparta) para formar uma liga contra futuros ataques dos persas. Surgiu, então, a Confederação de Delos, com adesão de mais de trezentas pólis.[55]
ilha de Delos foi escolhida como local onde ficaria a sede da liga e onde se guardariam tesouros e bens arrecadados. Essa união provocou a inveja de Esparta que formou também a Confederação do Peloponeso, reunindo várias pólis.[55]
As duas cidades acabaram entrando em conflito e, depois de 27 anos de luta (com 6 anos de trégua veio a Paz de Nícias), Atenas foi derrotada. Mas algumas cidades gregas aliaram-se à cidade de Tebas, dominaram os espartanos e exerceram seu domínio político sobre a Grécia por pouco tempo.[55]
Todas essas lutas internas enfraqueceram a Grécia, que foi facilmente conquistada por Felipe II, da Macedônia, em 338 a.C.[55]

[editar]O século de Péricles

Péricles.
Péricles foi um excelente orador, entendia de arte militar e, como político, usou de habilidade e prudência. Governou Atenas de 461 a 429 a.C. (quase trinta anos). Governou como um príncipe, sempre em perfeito acordo com o povo, que o respeitava muito.[55]
Péricles foi assíduo frequentador de teatro e amava as artes. Procurou fazer de Atenas a capital cultural do mundo antigo. O período de governo foi de esplendor, a ponto de ficar conhecido como Idade de Ouro da Grécia.[55]
[editar]Governo democrático de Péricles
democracia ganhou nova força e as classes mais pobres puderam participar ativamente da política. Leia um trecho de um discurso de Péricles sobre o seu governo:[55]
Temos uma forma de governo que causa inveja aos povos vizinhos. Não imitamos os outros e servimos e exemplo aos outros. Quanto ao nome, este governo é chamado de 'democracia' porque não é uma administração para o bem de algumas pessoas e sim para servir toda a comunidade. Diante das leis, todos gozam de igual tratamento. E a consideração de cada um vem não do partido, mas dos méritos demonstrados no serviço da comunidade. Temos medo de conseguir cargos públicos por meios ilegais.
Amamos o belo, mas na justa medida, e amamos a cultura do espírito, mas sem desprezar outros valores.
[56]
[editar]O Século de Ouro
Com Péricles, as artes, as letras e a filosofia floresceram de modo maravilhoso em Atenas. O projeto de Péricles de desenvolver as artes e a cultura era ambicioso. As pólis vizinhas ficaram enciumadas, mas nada puderam fazer para impedir tal crescimento.[56]
Por iniciativa de Péricles, foram incentivadas todas as modalidades de expressão artística. As acrópolis foram ornamentadas e construídos grandes monumentos.[56]
Foi nessa época que em Atenas surgiram talentos nos vários setores artísticos e culturais, de modo que a cidade conseguiu sobressair e firmar sua hegemonia.[56]

[editar]Cultura grega

arte grega chama a atenção pela harmonia de proporções, pelo equilíbrio e serenidade. É toda uma mistura de inspiração fantástica e real. Esse tipo de arte foi considerada e serviu de modelo para os artistas através dos tempos.[56]
[editar]Arquitetura grega
Planta da Acrópole de Atenas.
Os gregos construíram paláciostribunaisteatros e templos que ficaram famosos. O monumento mais célebre construído na Acrópole de Atenas foi o Partenon, que era um tempo em homenagem à deusa Palas Atena, protetora da cidade.[56]
O Partenon é o mais célebre dos templos gregos. Impressiona pela sua dimensão, elegância e harmonia de suas proporções. Não foi obra de um só autor, mas de vários artistas, entre os quais sobressaiu Fídias, com suas inúmeras esculturas que decoravam o templo.[57]
O Partenon foi transformado em igreja cristã no século VI d.C. e em mesquita turca em 1450 d.C. Esse templo colossal permaneceu quase intacto até o século XVII, quando sofreu uma catástrofe: os turcos que dominavam Atenas guardavam no templo seus armamentos, que acidentalmente explodiram. Foi restaurado, mas a maioria de suas belas esculturas foram levadas pelos ingleses (1812) e se encontram no British Museum, em Londres.[57]
arquitetura grega ficou famosa também pelos tipos de colunas usadas nas construções. Havia colunas artisticamente trabalhadas em estilo dóricojônico e coríntio.[57]
[editar]Escultura grega
Discóbulo, obra de Miron.
As obras esculpidas pelos gregos mostravam naturalidade nas formas e na expressão, idealismoalegria ecompanheirismo. Entre os grandes escultores, ficaram conhecidos FídiasMiron e Praxísteles.[57]
Famosas também são as Cariátides, que são colunas em formas femininas. São seis belas jovens esculpidas em mármore vindo de Cária, Ásia Menor, onde havia belas mulheres. Elas se encontram no templo Erechthion, em Atenas.[58]
[editar]Pintura grega
Os gregos pintavam com harmonia, elegância e vida. Infelizmente, restou pouco da pintura grega e o que nos chegou foram principalmente vasos muito bem decorados e outras peças de cerâmica. Pintaram sobre tecidos, pedras e madeira. Costumavam reproduzir em cerâmica cenas da vida diária.[58]
[editar]Teatro grego
Os teatros gregos eram amplas construções que atraíam grande número de populares por ocasião das festividades religiosas e populares, principalmente as festas em homenagem à deusa Atena e a Dionísio (deus do vinho). Nessas ocasiões, os gregos assistiam a grandes espectáculos (representações de comédias e tragédias).[58]
Os gregos já representavam peças com os elementos essenciais do teatro como temos hoje: atores,diálogo e cenário.[58]
Entre os maiores autores de peças para o teatro temos: ÉsquiloSófoclesEurípedes. Destacou-se na comédia Aristófanes, que satirizava os costumes da época. Os temas preferidos eram às cenas da vida urbana, à religião e à mitologia.[58]
Os teatros tinham ótima acústica, os trajes eram ricos e variados. Os atores eram acompanhados por um coro que cantava e dançava e por uma orquestra. Usavam máscaras chamadaspersonas, para caracterizar os personagens e aumentar o volume de voz. Daí veio o nome de "personagens" aos participantes de nossas narrativas modernas. As mulheres podiam ser espectadoras, mas não atrizes. Só os homens representavam.[59]
Péricles se convenceu a importância do teatro a ponto de franquear a entrada a todos.

[editar]Religião e mitologia gregas

Dafne - Da pintura de Deverial.
A religião grega foi, na Antiguidade, a que mais aproximou os deuses dos homens. Era uma religião antropomórfica, isto é, os deuses agiam à semelhança dos homens, com suas qualidades e defeitos. Com uma diferença: os deuses eram poderosos e imortais.[60]
As divindades eram cultuadas nos lares, nos templos e nas festividades religiosas. O culto era tradicional. Feito dentro das casas, acendia-se o fogo sagrado, faziam-se as oferendas e sacrifícios de animais. A religião era o vínculo que unia as pólis entre si. Os oráculos eram os representantes dos deuses (falavam em nome de deuses). Ficaram famosos os oráculos de DelfosOlímpiaEpidauro e Delos. Populares e também políticos iam consultar os oráculos dos templos.[60]
Uma maneira como os gregos costumavam homenagear seus deuses eram os jogos e as competições esportivas. Os mais famosos foram os Jogos Olímpicos, realizados no Monte Olimpo em homenagem a Zeus que, segundo a crença, habitava esse monte, em companhia de outros deuses. As primeiras olimpíadas teriam sido realizadas em 776 a.C. e, a partir daí, a cada quatro anos.[60]
A religião grega era cheia de mitos e lendas para explicar a origem do mundo, dos próprios deuses e dos homens. Não havia um livro sagrado e a religião, passada por tradição oral de geração em geração, era frequentemente alterada pelos poetas e artistas.[60]
Para os gregos, o mundo teria começado com Nix (a noite) e Érebo (seu irmão), visto como o inferno, isto é, a outra parte das trevas. Eles existiam, no Caos (que era o grande vazio inicial). Aos poucos Nix e Érebo se separam, se afastam cada vez mais, até que Nix se transforma numa esfera, se encurva e, como um ovo, se parte e dá nascimento a Eros (o amor). As duas partes da casca do ovo inicial se afastam, e uma se converte na abóbada celeste e outra em um disco achatado que a Terra. O céu ficou sendo chamado Urano e a terra Gaia. Do casamento desses dois tiveram início as novas gerações divinas.[60]
[editar]Deuses do Olimpo
Busto de Zeus.
  1. Zeus: Deus soberano, simbolizado pela águia e pelo fogo.[61]
  2. Hera: Esposa de Zeus, simbolizada pelo pavão e pela romã.
  3. Atena: Filha de Zeus, simbolizada pela coruja e pela oliveira.
  4. Hermes: Mensageiro dos deuses, representado com asas nos pés e no capacete.
  5. Ares: Deus da guerra.
  6. Posseidon: Deus dos mares, representado com um tridente na mão.
  7. Dionísio: Deus do vinho, representado com uma taça e uva nas mãos.
  8. Hefaístos: Deus da forja, da metalurgia. Simbolizado pelo martelo e pela tenaz.[61]
  9. Afrodite: Deusa do amor e da beleza, simbolizada pela pomba.[62]
  10. Deméter: Deusa fertilidade da terra e da agricultura.
  11. Apolo: Deus da harmonia, da luz, da música e da poesia. Simbolizado pela lira e pelo louro.
  12. Ártemis: Deusa da caça, protetora das virgens, simbolizada pelo veado e pelo arco.
  13. Héstia: Deusa guardiã dos lares e do fogo sagrado.
  14. Hades: Deus dos mortos e dos infernos, em cuja porta ficava o cão Cérbero, com três cabeças.[62]

[editar]Os grandes deuses

  • Zeus: era considerado chefe dos deuses. Morava no Monte Olimpo. Ele fazia chover, e era o senhor dos ventos e dos trovões. Era casado com Hera, cultuada como a padroeira dos casamentos e das futuras mães.[63]
  • Apolo: Filho de Zeus, deus da beleza, da arte, da música, das curas e das adivinhações.
  • Afrodite: Irmã de Apolo, filha de Zeus. Deusa da beleza, do amor. Nasceu das espumas do amor.
  • Hermes: Filho de Zeus, mensageiro dos deuses. Protetor dos viajantes, comerciantes e oradores.
  • Dionísio: Filho de Zeus, costuma vir acompanhado por um cortejo de demônios masculinos e femininos (são os bacantes).
  • Posseidon: Irmão de Zeus (ambos eram filhos de Cronos e Reia), marido de Afrodite. É o deus dos mares. Seus filhos eram estátuas monstruosas.[63]
[editar]Heróis da mitologia grega
Hércules e a Hidra de Lerna de Antonio Pollaiuolo.
Édipo e a Esfinge (pintura de Gustave Moreau).
Os gregos veneravam alguns semi-deuses (ou heróis). Os mais importantes foram HérculesÉdipoTeseuJasão e Perseu. Hércules ficou famoso por sua força. Os deuses o submeteram a várias provas: ele superou todas, lutando apenas com um arco e uma clava. As provas ficaram conhecidas como o Doze Trabalhos de Hércules, entre os quais: estrangulou o leão de Nemeia, matou a Hidra de Lerna, capturou vivo o javali de Erimanto, libertou Teseu dos infernos, etc.[63]
Édipo era filho de Laio, rei de Tebas, e de Jocasta. Segundo o oráculo de Delfos, foi marcado pelo destino para matar seu pai e casar com sua mãe. Para evitar a tragédia, Laio abandonou o filho sobre o Monte Citéreo, com os pés furados e amarrado de cabeça para baixo. Achado por pastores, foi criado por eles e, já adulto, conforme seu destino, matou o próprio pai (sem saber). Decifrou o enigma da esfinge que atormentava Tebas e, como recompensa, casou-se com a rainha (que era sua mãe). Vieram desgraças sobre a cidade e o oráculo revelou a Édipo que ele era o culpado de tudo, pois casara com a própria mãe. Descoberta a verdade, a mãe suicidou-se e furou os próprios olhos e saiu vagando pelo mundo.[63]

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